Algumas histórias despertam o que há de melhor dentro do ser humano, inspirando-nos a superar os nossos limites e nos ensinando a acreditar em nossos sonhos e a nunca desistir. Esse é o caso do filme Eddie the Eagle (no original) ou Voando Alto (em português), baseado na história real do inglês Michael Edwards, mais conhecido por Eddie "The Eagle" Edwards (Eddie a Águia), que desde criança tinha como sonho participar dos Jogos Olímpicos. Sem ser de uma família rica, desengonçado, tendo que lidar com problemas no joelho durante boa parte de sua infância e ainda precisando usar óculos por ser míope, suas chances de participar da Olimpíada eram mínimas. Após tentar, sem sucesso, vários tipos de esporte ao longo de sua infância e adolescência, Eddie decide se aventurar no downhill (descida livre), escolhendo os Jogos Olímpicos de Inverno de 1988 como a sua meta. Diante de uma apresentação desastrosa perante alguns patrocinadores ele é cortado da equipe olímpica de esqui da Grã-Bretanha. Desolado e prestes a desistir, Eddie aposta na categoria de ski jump (salto sobre esqui) como sua última chance de realizar seu sonho.
O cinema está repleto de filmes motivacionais que envolvem esporte. Podemos citar:
O roteiro de Voando Alto é todo produzido em torno do protagonista, interpretado em sua infância e adolescência pelos irmãos Tom e Jack Costello, respectivamente, e em sua fase adulta pelo carismático Taron Egerton (conhecido por Kingsman: The Secret Service - Kingsman: Serviço Secreto - 2014). A atuação de Egerton pode parecer forçada, mas quando a confrontamos com o verdadeiro Eddie Edwards percebemos que ele incorporou com perfeição todos os cacoetes que o personagem exigia. Eddie é o típico anti-herói: com uma aparência que nada se assemelha à figura do herói clássico, com seu jeito nerd, esquisitão e atrapalhado, tendo usado óculos por toda a vida e um aparelho nas pernas quando era criança, o que obrigatoriamente nos remete ao filme Forrest Gump - Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994), ele é a típica pessoa pela qual ninguém daria nada. E esse talvez seja o maior acerto do filme: lidar com os nossos preconceitos e com os padrões impostos pela sociedade.
Ao tomar contato com Eddie, algum espectador acreditaria que ele seria capaz de fazer algo relevante? Mas ao longo do filme, conforme somos apresentados a um jovem que apesar dos problemas físicos, que poderiam ser usados como desculpa, é decidido e seguro de si, ingênuo e sonhador, nossas percepções e interpretações acerca do protagonista são colocadas à prova. Aquele sujeito diferente e estranho até que poderia sim fazer a diferença.
O elenco foi muito bem escolhido. A mãe de Eddie, Janette, interpretada por Jo Hartley (conhecida por Dead Man's Shoes - Vingança Redentora - 2004) é responsável por apoiar e incentivar os sonhos do filho, enquanto o pai, Terry, interpretado por Keith Allen (conhecido por Trainspotting - Trainspotting - Sem Limites - 1996) faz o papel de contraponto, lembrando Eddie das dificuldades e querendo que o filho siga os seus passos trabalhando na construção civil. Bronson Peary, o esportista problemático, que já é um clichê nesse tipo de filme, é feito por Hugh Jackman (sempre lembrado por sua interpretação do personagem Logan nos filmes da franquia X-Men). O comentarista da BBC, interpretado por Jim Broadbent (conhecido por Iris - 2001), proporciona bons momentos cômicos.
O diretor e também ator Dexter Fletcher (atuou em Kick-Ass - Kick-Ass: Quebrando Tudo - 2010) utilizou o humor para suavizar a história. Apesar da ótima fotografia, o filme abusa dos clichês e coloca algumas cenas desnecessárias. Fletcher poderia ter explorado mais as cenas de ação (os saltos de esqui) e faltou colocar o posfácio (a trajetória posterior) do Eddie ao final do filme. O roteiro fez algumas adaptações na história real em prol de uma boa narrativa, sendo as modificações retratadas (em inglês e com spoilers) neste link e nesta crítica do theguardian. A trilha sonora se encaixa bem no filme, transmitindo a emoção necessária nos diversos momentos, sejam eles de ação, drama ou suspense. A música Jump, do Van Halen, foi utilizada como analogia ao esporte praticado: ski jump (salto sobre esqui).
Eddie the Eagle é um filme sobre superação com um tom alegre, divertido e que resgata valores sociais há muito perdidos na sociedade. Nesta época em que o ter é mais importante do que o ser, na qual vencer, seja nos esportes, nos negócios ou em qualquer outra situação imposta pela vida, é mais importante do que competir, precisamos reaprender que o importante não é o destino, mas sim a jornada.
Título original: Eddie the Eagle
Título em português: Voando Alto
Diretor: Dexter Fletcher
http://www.imdb.com/title/tt1083452/
- Artes marciais mistas: Warrior - Guerreiro (2011);
- Atletismo: Chariots of Fire - Carruagens de Fogo (1981), Unbroken - Invencível (2014) e McFarland, USA - McFarland dos EUA (2015);
- Automobilismo: o documentário Senna (2010);
- Basquete: Hoosiers - Momentos Decisivos (1986);
- Beisebol: The Natural - Um Homem Fora de Série (1984), Moneyball - O Homem que Mudou o Jogo (2011) e 42 - 42: A História de uma Lenda (2013);
- Bobsled (trenó): Cool Runnings - Jamaica Abaixo de Zero (1993);
- Boxe: Rocky - Rocky: Um Lutador (1976), Million Dollar Baby - Menina de Ouro (2004), Cinderella Man - A Luta Pela Esperança (2005) e The Fighter - O Vencedor (2010);
- Ciclismo: Breaking Away - O Vencedor (1979);
- Corrida de cavalo: Seabiscuit - Seabiscuit - Alma de Herói (2003);
- Futebol americano: Rudy (1993), Remember the Titans - Duelo de Titãs (2000) e The Blind Side - Um Sonho Possível (2009);
- Ginástica artística: Peaceful Warrior - Poder Além da Vida (2010);
- Hóquei no gelo: Miracle - Desafio no Gelo (2004);
- Maratona: Atletu (2009);
- Motociclismo: The World's Fastest Indian - Desafiando os Limites (2005);
- Natação: Swimming Upstream - Campeão (2003);
- Rúgbi: Invictus (2009);
- Saltos ornamentais: Breaking the Surface: The Greg Louganis Story - Rompendo Barreiras (1997);
- Taekwondo: Best of the Best - Operação Kickbox (1989).
O roteiro de Voando Alto é todo produzido em torno do protagonista, interpretado em sua infância e adolescência pelos irmãos Tom e Jack Costello, respectivamente, e em sua fase adulta pelo carismático Taron Egerton (conhecido por Kingsman: The Secret Service - Kingsman: Serviço Secreto - 2014). A atuação de Egerton pode parecer forçada, mas quando a confrontamos com o verdadeiro Eddie Edwards percebemos que ele incorporou com perfeição todos os cacoetes que o personagem exigia. Eddie é o típico anti-herói: com uma aparência que nada se assemelha à figura do herói clássico, com seu jeito nerd, esquisitão e atrapalhado, tendo usado óculos por toda a vida e um aparelho nas pernas quando era criança, o que obrigatoriamente nos remete ao filme Forrest Gump - Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994), ele é a típica pessoa pela qual ninguém daria nada. E esse talvez seja o maior acerto do filme: lidar com os nossos preconceitos e com os padrões impostos pela sociedade.
Ao tomar contato com Eddie, algum espectador acreditaria que ele seria capaz de fazer algo relevante? Mas ao longo do filme, conforme somos apresentados a um jovem que apesar dos problemas físicos, que poderiam ser usados como desculpa, é decidido e seguro de si, ingênuo e sonhador, nossas percepções e interpretações acerca do protagonista são colocadas à prova. Aquele sujeito diferente e estranho até que poderia sim fazer a diferença.
O elenco foi muito bem escolhido. A mãe de Eddie, Janette, interpretada por Jo Hartley (conhecida por Dead Man's Shoes - Vingança Redentora - 2004) é responsável por apoiar e incentivar os sonhos do filho, enquanto o pai, Terry, interpretado por Keith Allen (conhecido por Trainspotting - Trainspotting - Sem Limites - 1996) faz o papel de contraponto, lembrando Eddie das dificuldades e querendo que o filho siga os seus passos trabalhando na construção civil. Bronson Peary, o esportista problemático, que já é um clichê nesse tipo de filme, é feito por Hugh Jackman (sempre lembrado por sua interpretação do personagem Logan nos filmes da franquia X-Men). O comentarista da BBC, interpretado por Jim Broadbent (conhecido por Iris - 2001), proporciona bons momentos cômicos.
O diretor e também ator Dexter Fletcher (atuou em Kick-Ass - Kick-Ass: Quebrando Tudo - 2010) utilizou o humor para suavizar a história. Apesar da ótima fotografia, o filme abusa dos clichês e coloca algumas cenas desnecessárias. Fletcher poderia ter explorado mais as cenas de ação (os saltos de esqui) e faltou colocar o posfácio (a trajetória posterior) do Eddie ao final do filme. O roteiro fez algumas adaptações na história real em prol de uma boa narrativa, sendo as modificações retratadas (em inglês e com spoilers) neste link e nesta crítica do theguardian. A trilha sonora se encaixa bem no filme, transmitindo a emoção necessária nos diversos momentos, sejam eles de ação, drama ou suspense. A música Jump, do Van Halen, foi utilizada como analogia ao esporte praticado: ski jump (salto sobre esqui).
Eddie the Eagle é um filme sobre superação com um tom alegre, divertido e que resgata valores sociais há muito perdidos na sociedade. Nesta época em que o ter é mais importante do que o ser, na qual vencer, seja nos esportes, nos negócios ou em qualquer outra situação imposta pela vida, é mais importante do que competir, precisamos reaprender que o importante não é o destino, mas sim a jornada.
Título original: Eddie the Eagle
Título em português: Voando Alto
Diretor: Dexter Fletcher
http://www.imdb.com/title/tt1083452/
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