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Málmhaus (2013)


Filmes sobre dramas familiares já são comuns no cinema, mas a escolha do diretor e escritor islandês Ragnar Bragason (conhecido por Bjarnfreðarson - 2009) de colocar o heavy metal no primeiro plano foi uma inovação, fazendo com que Málmhaus (no original) ou Mundando o Destino (em português) se destaque em relação às demais narrativas semelhantes. A história mostra como a perda de um filho em um trágico acidente pode afetar a vida de uma família e também de toda uma pequena comunidade na área rural da Islândia. A protagonista da trama é Hera, interpretada por Þorbjörg Helga Þorgilsdóttir (conhecida por Djúpið - Sobrevivente - 2012), que testemunhou a morte do irmão mais velho por um trator quando tinha apenas 12 anos, em 1983. Traumatizada, descrente da vida e com a sua fé completamente abalada, ela decide buscar conforto no heavy metal, estilo musical que seu irmão tanto adorava.

Após essa introdução inicial, Bragason nos transporta para o início dos anos 90, abordando a personagem principal já em idade adulta. Com aparência soturna e melancólica, sempre usando uma jaqueta de couro e roupas pretas, Hera agora está completamente adepta ao modo de vida do black metal. Ela se isolou do mundo exterior e está desconectada da pequena comunidade em que vive. Seus únicos momentos de equilíbrio parecem ser ao lado de sua guitarra, com a qual se arrisca a compor suas próprias músicas, ou quando escuta suas fitas cassetes ou lê revistas especializadas em seu quarto.


A presença de Hera é perturbadora para os seus pais. Sem conseguir se libertar emocionalmente e psicologicamente das memórias da tragédia, ela vive cometendo pequenos delitos em atos autodestrutivos e causando confusão na vizinhança. Seu modo de vestir e sua personalidade também são uma forma dolorosa de seus pais se lembrarem do filho morto. Isso se reflete na depressão de sua mãe, Droplaug, interpretada por Halldóra Geirharðsdóttir (conhecida por Englar alheimsins - 2000 e  Hross í oss - 2013), e no sofrimento oculto de seu pai, Karl, representado por Ingvar Eggert Sigurðsson (atuou em Englar alheimsins - 2000, Mýrin - 2006, Hross í oss - 2013 e Everest - Evereste - 2015). Assim, cada um vivencia o luto e a dor à sua própria maneira, mas é evidente que aquele acidente comprometeu a harmonia da família.

Com uma peculiar visão intimista dos movimentos heavy metal e black metal, Bragason realiza em Málmhaus uma produção com características bastante pessoais, imprimindo em todo o roteiro referências cuidadosamente citadas e associadas à trilha sonora. É através da música que o diretor expressa e expõe o estado psicológico e emocional da protagonista, desde seus sentimentos até seus conflitos internos. Fãs do gênero, além de reconhecer as canções, poderão se deleitar com Victim of Changes (Judas Priest), Heartless World (Teaze), Run For Your Life (Riot), Strange Wings (Savatage), Me Against the World (Lizzy Borden), Am I Evil? (Diamond Head), Symphony of Destruction (Megadeth), Í Helli Loka (Sólstafir) e Svarthamar (Pétur Ben & Þorbjörg Helga Þorgilsdóttir - Málmhaus).


O simbolismo está presente em todo o longa-metragem. Seja nas roupas, nas músicas, na melancolia ou na obscuridade, no corpse paint (pintura facial em preto e branco), na morte, na religião, nos cenários, como a igreja ou o cemitério, no frio intenso do inverno, e até nos personagens noruegueses, numa referência a Øystein Aarseth (Euronymous) e Per Yngve Ohlin (Dead), membros fundadores da banda norueguesa de black metal Mayhem, terra que criou a subcultura do black metal norueguês. Alguns documentários abordam e retratam essa época, como Den Svarte Alvor - A Seriedade Negra (1994), Satan Rir Media - Satã Monta a Mídia (1998), Once Upon a Time in Norway - Era uma vez na Noruega (2007) Until the Light Takes Us - Até que a Luz nos Leve (2008).

O apego aos detalhes de época é outro ponto forte do filme, conferindo-lhe certa nostalgia dos anos 80 e 90. Temos a vitrola e os discos de vinil, as fitas cassetes e o walkman, os aparelhos eletrodomésticos, como o microondas, a TV de tubo e as fitas de vídeo VHS e os carros, todos retratando fielmente o período em questão. Os belos planos da Islândia e os momentos de humor negro suavizam o delicado tema abordado na narrativa, contrastando com a desolação interior da protagonista. A atuação de Þorbjörg Helga Þorgilsdóttir é um dos grandes destaques da narrativa, conferindo veracidade à história da personagem principal.

Mundando o Destino é um filme que se apoia num tema universal, a música, para mostrar como as pessoas lidam com a dor, a perda e o sofrimento. A história mostra a busca por uma identidade e por si mesmo, numa tentativa de encontrar significado para a vida que vá além da música. 


Título original: Málmhaus
Título em português: Mudando o Destino
Diretor: Ragnar Bragason
http://www.imdb.com/title/tt2374902/


Hrútar (2015)


Alguns filmes além de nos presentear com uma experiência cinematográfica belíssima ainda nos permitem ampliar a nossa visão de mundo conhecendo um pouco da cultura de outros povos. No longa-metragem islandês Hrútar (no original) ou A Ovelha Negra (em português) somos apresentados ao país do fogo e do gelo e agora também das ovelhas! Do gelo por se situar junto ao Círculo Polar Ártico, com as suas numerosas geleiras, de onde correm inúmeros rios, do fogo por ser o país que possui a maior quantidade de vulcões ativos, além dos gêiseres e das fontes de água quente, e das ovelhas por lá existirem mais ovelhas e carneiros do que seres humanos.

A história é um drama existencial. Em um vale isolado na Islândia, Gummi (Sigurður Sigurjónsson) e Kiddi (Theodór Júlíusson) vivem lado a lado, dedicando-se às suas ovelhas, que carregam uma linhagem antiga no país. Embora compartilhem a terra e o modo de vida, eles não falam um com o outro há 40 anos. Logo após um concurso anual de melhor carneiro, uma doença infecciosa e neurodegenerativa fatal é descoberta em um dos carneiros de Kiddi, colocando todo o vale sob ameaça. As autoridades estabelecem que a região ficará sob quarentena, decidindo abater todos os animais na área para conter o surto. Esta é quase uma sentença de morte para os agricultores, cujas ovelhas são a sua principal fonte de renda. Como a comunidade local só vive em função da criação desses animais, muitos fazendeiros optam por abandonar as suas terras, mas Gummi e Kiddi não desistirão tão facilmente. Com as autoridades fechando o cerco para evitar que a contaminação se alastre, os irmãos terão de se unir para salvar sua longeva e premiada linhagem de ovelhas, além deles próprios, da extinção.   


Em seu primeiro longa-metragem de grande expressão o diretor e também roteirista Grímur Hákonarson constrói, com muita habilidade, uma trama envolvente, de narrativa lenta e enfoque psicológico-emocional. Progressivamente o espectador vai sendo cativado pela história e pelas dificuldades dos dois personagens protagonistas, sejam elas de convivência ou de sobrevivência. O clima de tragédia presente no filme aumenta conforme o inverno se aproxima e aqui temos que ressaltar o ótimo trabalho do diretor de fotografia Sturla Brandth Grøvlen. Com a utilização de muitos planos abertos, acompanhamos sem dificuldade a trajetória dos personagens e as difíceis condições que enfrentam. Contemplamos a belíssima e peculiar paisagem de uma região que sai de um ambiente vibrante e de tonalidade verde para outro branco e seco, de aparência inóspita e isolada, onde a presença do frio intenso e da neve retratam a solidão e o exílio. A trilha sonora pontua todo o filme, ficando cada vez mais melancólica com a mudança de estação.

A diferença de personalidade entre os dois irmãos é muito bem trabalhada pelos atores, sendo mais um ponto forte da história. Gummi (Sigurður Sigurjónsson) é pacato e conformista enquanto Kiddi (Theodór Júlíusson) é explosivo e brigador. As rusgas não explicitadas do passado provocam um certo mistério no filme e as interações do presente ocasionam alguns momentos cômicos nesse drama familiar.

A ovelha negra é um filme sobre a relação do homem com os animais, com o seu habitat e com o seu eu interior. Mais do que perder as condições de vida e de trabalho, perder suas ovelhas significa perder a sua identidade, o seu modo de vida, perder a essência daquilo que o faz ser o que você é. Hrútar ganhou o Prêmio de Melhor Filme na mostra Un Certain Regard do Festival de Cannes de 2015.   
  



Título original: Hrútar
Título em português: A Ovelha Negra
Diretor: Grímur Hákonarson
http://www.imdb.com/title/tt3296658/

Lista de Filmes Nórdicos

Lista de filmes nórdicos (mais de 230 títulos).

http://www.imdb.com/list/ls073134456/




 
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