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Kampen om Tungtvannet (2015)


Sucesso de crítica e de público, estabelecendo o novo recorde para séries de drama quando estreou em rede nacional de TV na Noruega, em 4 de janeiro de 2015, conquistando a audiência ao vivo de cerca de 1,2 milhão de telespectadores na noite de domingo (cerca de 24% da população norueguesa estava assistindo ao episódio de estreia), a minissérie norueguesa Kampen om Tungtvannet (no original; ainda sem título em português) retrata uma história real da Segunda Guerra Mundial. Narrada sob três pontos de vista a produção norueguesa de 6 episódios acompanha a trajetória do programa nuclear nazista, a luta dos Aliados para impedi-los e a gestão da Norsk Hydro, empresa dona da fábrica de água pesada, substância fundamental para os planos alemães.

A minissérie começa lenta, desenvolvendo os personagens e seus dilemas, além de explorar os motivos que levaram Aliados e nazistas ao conflito pela água pesada. Por quê ela era tão importante e onde seria possível obtê-la? Ao longo dos primeiros episódios toda essa trama é esclarecida.


O programa de pesquisa nazista é mostrado através dos olhos de Werner Heisenberg (interpretado por Christoph Bach, conhecido por Shirley: Visions of Reality - 2013), cientista alemão que em 1933 ganhou o prêmio Nobel de Física por sua contribuição na mecânica quântica. Heisenberg dedicou toda a sua vida à ciência, abdicando do convívio social e familiar. Em 1939 ele passa a trabalhar para o governo alemão, conduzindo a pesquisa para o desenvolvimento da energia nuclear. Ele vê a bomba atômica como um incômodo, mas um meio necessário para o desenvolvimento da ciência. A guerra estaria a serviço da ciência.


O cientista e professor universitário norueguês Leif Tronstad (interpretado por Espen Kloumann Høiner, conhecido por Reprise - Começar de Novo - 2006) foi um dos responsáveis pela construção da fábrica de produtos químicos Norsk Hydro, na planta de Vemork, nos arredores da cidade de Rjukan, na Noruega. Ao se juntar aos Aliados na Inglaterra, ele foi fundamental para impedir o sucesso dos planos nazistas, visto que era membro e mantinha contato com a Resistência Norueguesa e estava a par da planta e dos procedimentos do local. Para Tronstad as vidas dos funcionários e dos demais habitantes da região deveriam ser preservadas no conflito.


O diretor da Norsk HydroBjørn Henriksen (interpretado por Dennis Storhøi, conhecido por Zwei Leben - Duas Vidas - 2012), comanda a instalação em Rjukan, única no mundo a produzir a água pesada. Como ela era um subproduto da produção de fertilizantes, sua fabricação era limitada e em pequena escala. Enquanto os noruegueses se mantiveram neutros na Segunda Guerra Mundial, a França fez um acordo com a empresa para adquirir todo o estoque de água pesada. Mas com a invasão da Noruega pelos alemães, na manhã de 9 de abril de 1940, a Norsk Hydro passou a atender aos interesses nazistas na obtenção do precioso líquido. Para Henriksen a guerra seria algo passageiro, sendo importante manter os empregos e os negócios da empresa intactos.


Para dar maior emoção e tornar a história mais dramática foram elaborados alguns personagens fictícios, mas que não chegaram a interferir de forma significativa nos fatos reais ocorridos. Dentre eles podemos citar Bjørn Henriksen, que foi criado a partir de três diretores reais da Norsk Hydro, e sua esposa, Ellen Henriksen (interpretada por Maibritt Saerens, conhecida por Sykt Lykkelig - Happy Happy - 2010), que também não fazia parte da trama original, mas foi responsável por abordar alguns dilemas do casal além de questões morais da guerra.

Outra personagem fictícia é Julie Smith (interpretada por Anna Friel, conhecida pela série de TV Pushing Daisies - 2007-2009), que dá vida a uma oficial inglesa responsável pelas Operações Especiais britânicas. Aqui temos que destacar um erro histórico, visto que na vida real o seu papel foi exercido pelo coronel escocês John Skinner Wilson. Naquela época não havia nenhuma mulher ocupando cargo de comando no exército. Apesar da boa atuação de Friel, seria mais apropriado se ater aos fatos históricos e reais (colocar um homem no papel) ao invés de se optar pelo politicamente correto dos tempos atuais.


O diretor do filme, Per-Olav Sørensen, retrata de forma cronológica e histórica os eventos que envolveram a disputa pela água pesada. Nota-se ao longo da minissérie todo o trabalho de caracterização de uma época: uniformes, roupas, carros, equipamentos e armamento. Um ponto positivo foi a manutenção das três línguas nativas dos países envolvidos na trama: norueguês, alemão e inglês. Sørensen também soube escolher o elenco, que entregou atuações convincentes.

A fotografia é muito bonita e a trilha sonora se encaixa bem na trama. Contudo, a minissérie peca por não explorar mais algumas cenas de ação e também por não provocar mais suspense. As duras condições de sobrevivência a que foram submetidos os integrantes da Resistência Norueguesa nas missões devido ao clima severo da Noruega, como fome e frio, assim como as demais dificuldades enfrentadas ao se combater o inimigo deveriam ter sido melhor dramatizadas.  


Essa história também foi tema de um docudrama norueguês chamado Kampen om Tungtvannet (A Batalha da Água Pesada - 1948), de uma produção britânica intitulada The Heroes of the Telemark (Os Heróis de Telemark - 1965), com a participação de Kirk Douglas (citando apenas alguns de seus filmes: Ace in the Hole - A Montanha dos 7 Abutres - 1951, Paths of Glory - Glória Feita de Sangue - 1957, The Vikings - Vikings, Os Consquistadores - 1958Spartacus - 1960) e Richard Harris (conhecido por A Man Called Horse - Um Homem Chamado Cavalo - 1970) e de uma minissérie de TV canadense (A Man Called Intrepid - 1979). A banda de power metal sueca, Sabaton, também homenageou esse episódio através da música Saboteurs.




Título original: Kampen om Tungtvannet
Título em português: ainda sem título
Diretor: Per-Olav Sørensen
http://www.imdb.com/title/tt3280150/



Risttuules (2014)

Há 75 anos atrás, na madrugada de 14 de junho de 1941, mais de 40 mil pessoas foram deportadas da Estônia, Letônia e Lituânia. Esse foi o começo dos banimentos em massa à Sibéria e a outras regiões remotas da URSS promovido pelas autoridades soviéticas. Sob ordens secretas de Stalin, essa operação tinha por objetivo afastar de seus países de origem os dissidentes do regime socialista de modo a aplacar qualquer oposição, além de promover uma limpeza étnica da região. Entre essas milhares de pessoas deportadas estava Erna Tamm (Laura Peterson) e sua família (filha e marido). O filme Risttuules (no original) ou Na Ventania (em português) foi inspirado nas cartas de Erna escritas da Sibéria para o seu marido, Heldur (Tarmo Song), de quem foi separada pelos soviéticos. 

Em seu primeiro longa-metragem, o diretor estoniano Martti Helde foi ousado em sua proposta: realizar um filme de arte, em preto e branco, através da técnica dos tableaux vivants, para recriar fotograficamente as lembranças descritas nas cartas. Em oposição à tradicional narrativa cinematográfica em movimento, o tableaux vivant utiliza-se de planos estáticos, com personagens parados enquanto a câmera percorre lentamente o ambiente. O momento observado é congelado, permitindo dar enfoque aos detalhes sutis de cada cena, assim como às expressões dos atores e sua linguagem corporal. Tudo nos leva a acreditar que estamos diante de uma representação fotográfica comum, que só é desmentida por conta do vento que movimenta alguns objetos, como peças de roupa, galhos e folhas de árvores ou folhas de papel. A narração em off de Laura Peterson complementa a recriação dessas memórias, descrevendo eventos e os sentimentos da protagonista.


Erna Tamm levava uma vida normal e feliz com sua família até o momento em que a guerra entrou em suas vidas. Para retratar essa mudança radical e abrupta, o tempo passou a transcorrer em outra dimensão, sendo demarcado pela composição das imagens tableaux vivants. E ele assim permaneceu até o fim desse período trágico e angustiante na vida da protagonista, quando a guerra chegou ao fim. Ao longo de toda essa jornada, contemplamos as crueldades soviéticas, com os deportados sendo transferidos em condições desumanas dentro de vagões de animais, sofrendo humilhações, sendo submetidos a trabalhos forçados, fome, frio, além de perderem parentes, amigos e acima de tudo, a liberdade. A trilha sonora e os sons ambientes ajudam a caracterizar o clima de lamentação e melancolia do filme: quase toda a esperança foi perdida.

O drama humano vivido pelos habitantes dos países Bálticos resultou em mais de 590 mil vítimas do holocausto durante a ocupação soviética. Com o desmembramento da URSS, a Rússia, sua sucessora, além de manter uma retórica que nega os crimes cometidos, ainda glorifica o passado soviético, seus líderes, símbolos e ações.


Esteticamente impecável, de caráter contemplativo, como toda obra de arte se propõe a ser, e com um ritmo lento, Na Ventania definitivamente não é um filme para o grande público. A forma como é narrado foge do comum e pode não agradar a todos os gostos, provocando estranheza e monotonia em alguns espectadores. Muito além da história que se propõe a contar, o longa permite uma experiência sensorial única, que ao mesmo tempo é triste e bonita.



Título original: Risttuules
Título em português: Na Ventania
Diretor: Martti Helde
www.imdb.com/title/tt2534660/ 









Under Sandet (2015)

Várias histórias da Segunda Guerra Mundial não são contadas nos livros, caindo no esquecimento com o passar do tempo. Inspirado em fatos reais, o filme Under Sandet (no original) ou Terra de Minas (em português) aborda um desses relatos, que ocorreu no pós-guerra na Dinamarca. Temendo que uma possível invasão dos Aliados se daria a partir do litoral dinamarquês, a Alemanha nazista preencheu toda a extensão da costa oeste da Dinamarca com mais de 1,5 milhões de minas. Com a rendição alemã e o fim da guerra em maio de 1945, mais de 2 mil prisioneiros de guerra alemães são enviados para desarmar essas minas terrestres. A história foca em um pequeno grupo de jovens alemães que têm a difícil e perigosa tarefa de limpar 45 mil minas de uma praia dinamarquesa para ganhar a liberdade.

O filme, escrito e dirigido por Martin Zandvliet, é uma excelente peça de cinema, conseguindo trazer para as telas uma obra com uma abordagem nova, apesar de todos os demais filmes de guerra já feitos anteriormente. Com um roteiro original, o diretor consegue transmitir todo o rancor trazido pelos 5 anos de ocupação nazista na Dinamarca, além de retratar a exploração de crianças arrastadas para a guerra. Um dos grandes acertos da direção e do roteiro de Zandvliet é mostrar os ciclos de guerra: os vencedores, os dinamarqueses, passam a adotar as práticas brutais dos perdedores, os alemães. Foi exatamente por situações como essa que a Segunda Guerra Mundial eclodiu, pela França e demais países vitoriosos da Primeira Guerra Mundial exigirem reparações e imporem sanções absurdas à Alemanha.


A fotografia, de Camilla Hjelm, é de encher os olhos. E aqui, mais uma vez, temos que destacar o trabalho do diretor. A utilização de planos abertos capta a linda paisagem dinamarquesa, enquanto momentos mais intimistas permitem acompanhar as interações entre aqueles soldados. Mantendo um ritmo intenso, a tranquilidade e vastidão da praia são contrastados, a todo momento, com o perigo que os aguarda debaixo da areia, expressão que dá nome ao longa (Under Sandet = Sob a Areia). A trilha sonora é cativante e, em alguns momentos, de partir o coração, ambientando o drama narrado no filme.


Um dos elementos que transformam Terra de Minas em uma experiência memorável é a excelente atuação de Roland Møller, interpretando o papel do Sargento Carl Rasmussen, protagonista da história. Incumbido de supervisionar o grupo de soldados alemães, Carl luta para separar seus deveres militares do ódio que sente pelo antigo inimigo. O ator consegue entregar um personagem complexo, temperamental, amargo e zangado, mas que ao mesmo tempo ainda não perdeu a humanidade que existe dentro de si. O restante do elenco também foi bem escolhido e explorado psicologicamente, com os atores interpretando soldados com personalidades diferentes.

Com uma discussão filosófica sobre os conflitos bélicos, além de ser muito intenso e bonito, Under Sandet nos dá uma visão real das complexidades da Segunda Guerra Mundial e do comportamento humano. 



PS: o trailer disponibilizado mostra cenas importantes da trama (spoilers). Caso tenha interesse em ver o filme, sugiro não assisti-lo.

Título original: Under Sandet
Título em português: Terra de Minas
Diretor: Martin Zandvliet

 
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