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The Shallows (2016)

Desde o clássico Jaws - Tubarão (1975) o cinema não contava com um filme de suspense envolvendo tubarão capaz de fazer o espectador se assustar e torcer pela protagonista de forma tão intensa. Dirigido pelo espanhol Jaume Collet-Serra (conhecido por Orphan - A Órfã - 2009 e Unknown - Desconhecido - 2011) o longa-metragem The Shallows (título original) ou Águas Rasas (título em português) conta a história de Nancy (interpretada por Blake Lively, conhecida por The Age of Adaline - A Incrível História de Adaline - 2015), que vai surfar sozinha em uma praia paradisíaca e deserta no México, na qual a sua mãe visitou há décadas atrás. Após passar grande parte do dia surfando ela é atacada por um grande tubarão branco, ficando encurralada a 180 metros de distância da praia. Precisando correr contra o tempo e lutar por sua vida, a batalha pela sobrevivência exige de Nancy toda a sua habilidade, perspicácia e resistência.


Diversos são os relatos de ataque de tubarão ao redor do mundo, o que confere ainda mais drama à história narrada. Um caso recente que teve repercussão mundial ocorreu em 19 de setembro de 2015 durante a bateria final do Circuito Mundial de surfe, em Jeffreys Bays, na África do Sul. O tricampeão Mick Fanning foi surpreendido por um tubarão, que ao atacá-lo chegou a cortar a corda que prendia a prancha ao pé do australiano. Felizmente o episódio teve um final feliz e Fanning saiu ileso, conforme as imagens gravadas no dia.

Esteticamente Águas Rasas é impecável. O local escolhido para as filmagens é paradisíaco e a direção de fotografia de Flavio Martínez Labiano (também trabalhou em Unknown - Desconhecido - 2011) é belíssima. As cenas tanto dentro quanto fora d'água e as passagens de câmera aquáticas e aéreas criaram uma ambientação incrível, trazendo o espectador para dentro da trama. A utilização de câmeras não profissionais e as cenas de surf conseguem transmitir veracidade à narrativa. A direção de Jaume é atraente, cativante e ágil, explorando muito bem os planos abertos para contrastar a relação do homem com a natureza. Aqui cabe ressaltar um artifício visual que foi muito bem empregado no longa-metragem: a opção por colocar na tela mensagens de texto, fotos do Instagram e conversas em vídeo.


A atuação de Blake Lively no papel principal é eficiente, conseguindo segurar um papel difícil em um filme centrado na protagonista. A trilha sonora não possui exageros, transmitindo a tensão necessária que a história necessita. Um ponto negativo que acabou pesando no resultado final da obra foi o uso exagerado dos clichês. O roteiro e a direção pecaram por escolher soluções convencionais e poderiam ter inovado mais. Mesmo assim, The Shallows consegue prender a atenção e o interesse do espectador, que ficará tenso e atento a cada detalhe da história, esperando o desfecho da dinâmica entre a presa e o predador.


Título original: The Shallows
Título em português: Águas Rasas
Diretor: Jaume Collet-Serra
http://www.imdb.com/title/tt4052882/


Eddie the Eagle (2016)

Algumas histórias despertam o que há de melhor dentro do ser humano, inspirando-nos a superar os nossos limites e nos ensinando a acreditar em nossos sonhos e a nunca desistir. Esse é o caso do filme Eddie the Eagle (no original) ou Voando Alto (em português), baseado na história real do inglês Michael Edwards, mais conhecido por Eddie "The Eagle" Edwards (Eddie a Águia), que desde criança tinha como sonho participar dos Jogos Olímpicos. Sem ser de uma família rica, desengonçado, tendo que lidar com problemas no joelho durante boa parte de sua infância e ainda precisando usar óculos por ser míope, suas chances de participar da Olimpíada eram mínimas. Após tentar, sem sucesso, vários tipos de esporte ao longo de sua infância e adolescência, Eddie decide se aventurar no downhill (descida livre), escolhendo os Jogos Olímpicos de Inverno de 1988 como a sua meta. Diante de uma apresentação desastrosa perante alguns patrocinadores ele é cortado da equipe olímpica de esqui da Grã-Bretanha. Desolado e prestes a desistir, Eddie aposta na categoria de ski jump (salto sobre esqui) como sua última chance de realizar seu sonho.


O cinema está repleto de filmes motivacionais que envolvem esporte. Podemos citar: 


O roteiro de Voando Alto é todo produzido em torno do protagonista, interpretado em sua infância e adolescência pelos irmãos Tom e Jack Costello, respectivamente, e em sua fase adulta pelo carismático Taron Egerton (conhecido por Kingsman: The Secret Service - Kingsman: Serviço Secreto - 2014). A atuação de Egerton pode parecer forçada, mas quando a confrontamos com o verdadeiro Eddie Edwards percebemos que ele incorporou com perfeição todos os cacoetes que o personagem exigia. Eddie é o típico anti-herói: com uma aparência que nada se assemelha à figura do herói clássico, com seu jeito nerd, esquisitão e atrapalhado, tendo usado óculos por toda a vida e um aparelho nas pernas quando era criança, o que obrigatoriamente nos remete ao filme Forrest Gump - Forrest Gump: O Contador de Histórias (1994), ele é a típica pessoa pela qual ninguém daria nada. E esse talvez seja o maior acerto do filme: lidar com os nossos preconceitos e com os padrões impostos pela sociedade.


Ao tomar contato com Eddie, algum espectador acreditaria que ele seria capaz de fazer algo relevante? Mas ao longo do filme, conforme somos apresentados a um jovem que apesar dos problemas físicos, que poderiam ser usados como desculpa, é decidido e seguro de si, ingênuo e sonhador, nossas percepções e interpretações acerca do protagonista são colocadas à prova. Aquele sujeito diferente e estranho até que poderia sim fazer a diferença.

O elenco foi muito bem escolhido. A mãe de Eddie, Janette, interpretada por Jo Hartley (conhecida por Dead Man's Shoes - Vingança Redentora - 2004) é responsável por apoiar e incentivar os sonhos do filho, enquanto o pai, Terry, interpretado por Keith Allen (conhecido por Trainspotting - Trainspotting - Sem Limites - 1996) faz o papel de contraponto, lembrando Eddie das dificuldades e querendo que o filho siga os seus passos trabalhando na construção civil. Bronson Peary, o esportista problemático, que já é um clichê nesse tipo de filme, é feito por Hugh Jackman (sempre lembrado por sua interpretação do personagem Logan nos filmes da franquia X-Men). O comentarista da BBC, interpretado por Jim Broadbent (conhecido por Iris - 2001), proporciona bons momentos cômicos.


O diretor e também ator Dexter Fletcher (atuou em Kick-Ass - Kick-Ass: Quebrando Tudo - 2010) utilizou o humor para suavizar a história. Apesar da ótima fotografia, o filme abusa dos clichês e coloca algumas cenas desnecessárias. Fletcher poderia ter explorado mais as cenas de ação (os saltos de esqui) e faltou colocar o posfácio (a trajetória posterior) do Eddie ao final do filme. O roteiro fez algumas adaptações na história real em prol de uma boa narrativa, sendo as modificações retratadas (em inglês e com spoilers) neste link e nesta crítica do theguardian. A trilha sonora se encaixa bem no filme, transmitindo a emoção necessária nos diversos momentos, sejam eles de ação, drama ou suspense. A música Jump, do Van Halen, foi utilizada como analogia ao esporte praticado: ski jump (salto sobre esqui).

Eddie the Eagle é um filme sobre superação com um tom alegre, divertido e que resgata valores sociais há muito perdidos na sociedade. Nesta época em que o ter é mais importante do que o ser, na qual vencer, seja nos esportes, nos negócios ou em qualquer outra situação imposta pela vida, é mais importante do que competir, precisamos reaprender que o importante não é o destino, mas sim a jornada.



Título original: Eddie the Eagle
Título em português: Voando Alto
Diretor: Dexter Fletcher
http://www.imdb.com/title/tt1083452/



En Man som Heter Ove (2015)

A Escandinávia sempre nos surpreende com filmes diferentes e com enredos bem peculiares. Baseado no livro best-seller de Fredrik Backman, En Man som Heter Ove (título original) ou Um Homem Chamado Ove (em português) conta a história de Ove, um velho viúvo e rabugento, de 59 anos de idade, que apesar de ter sido deposto há alguns anos do cargo de presidente da associação de moradores continua a zelar pela vizinhança do subúrbio onde mora com punhos de ferro. Deprimido, solitário e cansado da monotonia do cotidiano, Ove é um retrato de uma pessoa que já desistiu de tudo, inclusive de si mesmo. Teimoso, mal-humorado, com crenças firmes e rotinas rígidas, sua abordagem de vida e visão negativa do mundo são colocadas à prova quando uma nova família se muda para a casa em frente.

Falar sobre a velhice e seus dilemas nunca foi um tema fácil, tanto na vida real quanto nas telas de cinema. Algumas vezes parece que a sociedade quer evitá-la ou esquecê-la, como se fosse um drama distante à qual nunca chegaremos ou passaremos. Assim, é comum que atores com idade avançada ocupem personagens coadjuvantes, com papéis que passam longe do foco da narrativa apresentada. Contudo, quando tiveram a oportunidade de estrelar no papel principal deram luz a grandes personagens e a ótimos filmes. Dentre eles temos: Make Way for Tomorrow - A Cruz dos Anos (1937)Umberto D. - Humberto D. (1952), Ikiru - Viver (1952), Smultronstället - Morangos Silvestres (1957)Cocoon (1985), Börn Náttúrunnar - Filhos da Natureza (1991)Grumpy Old Men - Dois Velhos Rabugentos (1993), The Straight Story - Uma História Real (1999)Elsa y Fred - Elsa & Fred (2005)Gran Torino (2008), Amour - Amor (2012)Nebraska (2013), 45 Years - 45 Anos (2015) e a animação Up - Up: Altas Aventuras (2009).

Com uma história sincera, poética e bem-humorada, o diretor e também escritor sueco Hannes Holm (conhecido por Adam & Eva - 1999, Klassfesten - O Reencontro - 2002 e Himlen är Oskyldigt Blå - 2010) consegue abordar um tema sensível de uma maneira sutil. O humor é uma das peças chave utilizadas nesse processo, estando presente em vários momentos ao longo do filme. Mas também somos expostos à situações tristes e duras conforme a história se revela.


A ação se desenrola tanto no presente quanto no passado. De início somos apresentados à versão mais velha de Ove, interpretada por Rolf Lassgård (conhecido por Jägarna - 1996, Under Solen - 1998 e Efter Brylluppet - Depois do Casamento - 2006). Já nas primeiras impressões nos deparamos com um sujeito áspero, irritante, sem bondade e que é o terror de sua vizinhança suburbana. Ele patrulha diariamente as ruas e calçadas em busca de irregularidades e descumprimentos de regras, que devem ser seguidas com rigor. Posteriormente, através do uso de flashbacks, somos introduzidos à sua versão criança (Viktor Baagøe) e jovem (Filip Berg, conhecido por Ondskan - Evil - Raízes do Mal - 2003 e Odödliga - 2015). Assim, paulatinamente, o seu passado é revelado, explicando o seu comportamento atual, o que nos faz refletir e reavaliar as nossas opiniões sobre o personagem principal.

O filme aborda conceitos e questões atuais, como imigração, globalização e mudança de valores ao longo das gerações. Parvaneh, interpretada por Bahar Pars (atuou em När Mörkret Faller - 2006), tem origem persa e é a mulher da família que se muda para a casa em frente a do protagonista. Contrastando com a personalidade de Ove, ela é passional e opinativa, sendo responsável por trazer calor às relações frias do protagonista. Parvaneh retrata o caso de tantos outros refugiados que emigram para países europeus em busca de uma vida melhor.


A identificação do personagem principal com os carros da Saab e a consequente disputa com os automóveis da Volvo, duas marcas originalmente suecas, representa o nacionalismo. Ove era de uma época em que os produtos (bens de consumo) eram feitos dentro do próprio país. Hoje, com as cadeias globais de valor e com a internacionalização da economia, as mercadorias não têm mais fronteiras e as marcas se tornaram globais. Metade da Saab foi comprada pela General Motors em 1990 e o restante em 2000. Em 2012, a empresa foi comprada pela chinesa National Electric Vehicle Sweden AB. Quanto à Volvo, em 1999 foi vendida à Ford Motor Company. No ano de 2010, a Ford acertou a venda da Volvo para a chinesa Zhejiang Geely Holdin Group.

Ove, como um menino de cidade pequena, viveu em um tipo diferente de Suécia e de mundo. Além da vida ter ritmo mais lento, valorizava-se mais a independência e as habilidades manuais, como carpintaria e mecânica. As dificuldades das gerações mais novas são expressas, por exemplo, na falta de interesse e paciência para a leitura de manuais ou no desafio que se torna instalar uma simples máquina de lavar.


Além da ótima atuação de Rolf Lassgård no papel caricatural do protagonista, a trilha sonora é um deleite a parte. Envolvente, ela é cativante nos momentos da ronda pela vizinhança e sentimental nas cenas de drama. Todo o trabalho de produção foi muito bem feito, desde as câmeras, fotografia, até o figurino ao longo das eras. Aqui temos que ressaltar um ponto fraco no roteiro e na direção. Apesar da primeira metade do filme ser ótima, conforme a história se desenvolve e sua mensagem e significado são explicitados, o diretor se apressa para concluir a trama do livro e o longa-metragem acaba perdendo alguns de seus pontos fortes na segunda metade. Alguns elos narrativos deveriam ter sido melhor trabalhados, como a mudança por que passa o personagem principal e como a comunidade local passa a enxergá-lo depois disso. Como mensagem final Holm ainda nos passa que a vida faz mais sentido quando é compartilhada com outras pessoas. O filme tinha potencial para ser muito mais do que foi.


Título original: En Man som Heter Ove
Título em português: Um Homem Chamado Ove
Diretor: Hannes Holm


 
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