Alguns filmes conseguem mostrar que o cinema não é feito apenas de grandes produções e que mesmo com baixo orçamento e sem grandes efeitos especiais é possível produzir um ótimo filme. Esse é o caso de The One I Love (título original) ou Complicações do Amor (título em português), primeiro longa-metragem do diretor Charlie McDowell. Com um roteiro original e filmado praticamente em apenas um cenário (uma casa de campo), o espectador é cativado pela história e pelos personagens principais de tal forma que aguardará ansiosamente pelo desfecho da trama. The One I Love nos faz lembrar de um outro grande filme no mesmo estilo e que também não teve o devido reconhecimento: Coherence (2013).
A história envolve um casal, Ethan (interpretado por Mark Duplass, conhecido por Safety Not Guaranteed - Sem Segurança Nenhuma - 2012) e Sophie (representada por Elisabeth Moss, conhecida pela personagem Peggy Olson na série de TV Mad Men - Mad Men: Inventando Verdades - 2007-2015), que fazem terapia para tentar superar a grave crise conjugal em que vivem. Após uma tentativa frustrada de redescobrir o amor através de um momento importante e feliz do passado, na iminência da separação, o terapeuta (interpretado por Ted Danson, conhecido por Saving Private Ryan - O Resgate do Soldado Ryan - 1998) sugere como último artifício na tentativa de salvar o casamento do casal que eles passem um final de semana em sua casa de campo. O que começa como um retiro romântico e divertido logo se torna surreal, quando uma descoberta inesperada obriga os dois a repensarem sobre eles mesmos, seu relacionamento e seu futuro.
Esse é o típico filme que quanto menos se sabe da trama melhor é a experiência para o espectador. Apesar de ser classificado como romance, drama e ficção científica, não há um gênero predominante, existindo também passagens de suspense e mistério na história. E aqui temos que ressaltar o trabalho do diretor e o ótimo roteiro de Justin Lader, que abordam um tema que não é novo (crise conjugal) de forma criativa e envolvente. Há uma profunda abordagem sobre as dificuldades de estar junto com alguém bem como sobre as expectativas que criamos com relação ao outro e também ao novo. Houve uma preocupação em manter os dois pontos de vista da trama (a visão do homem e a da mulher) em equilíbrio, e a história não força o espectador a pender para um dos lados. A trilha sonora é sutil e às vezes passa desapercebida, mas dá o tom necessário para os diversos momentos da obra.
Uma curiosidade revelada por Duplass (que além de ator também é diretor, escritor e produtor) nesta entrevista (em inglês), foi que apesar do roteiro ter 50 páginas e ser cuidadosamente detalhado, tanto nos movimentos quanto no que os personagens estão fazendo, não havia diálogo escrito. Assim, cada pedaço de diálogo no filme foi improvisado. Os atores estavam sendo tão naturais quanto podiam com suas motivações e a trajetória da cena e usando surpresas para que o outro não se acomodasse, tornando as atuações mais espontâneas do que se fossem ensaiadas. Cabe ressaltar que a dupla de protagonistas Duplass e Moss entrega ótimas atuações tanto individualmente quanto como na relação como casal. O espectador é envolvido na narrativa e tem a impressão de que está assistindo a uma história real, com conflitos e personagens reais.
Uma curiosidade revelada por Duplass (que além de ator também é diretor, escritor e produtor) nesta entrevista (em inglês), foi que apesar do roteiro ter 50 páginas e ser cuidadosamente detalhado, tanto nos movimentos quanto no que os personagens estão fazendo, não havia diálogo escrito. Assim, cada pedaço de diálogo no filme foi improvisado. Os atores estavam sendo tão naturais quanto podiam com suas motivações e a trajetória da cena e usando surpresas para que o outro não se acomodasse, tornando as atuações mais espontâneas do que se fossem ensaiadas. Cabe ressaltar que a dupla de protagonistas Duplass e Moss entrega ótimas atuações tanto individualmente quanto como na relação como casal. O espectador é envolvido na narrativa e tem a impressão de que está assistindo a uma história real, com conflitos e personagens reais.
O título em inglês do longa-metragem, The One I Love, que em tradução livre seria "A pessoa que eu amo", parece inocente e genérico, mas ganha novas conotações quando contrastado com a história em si e com o poster do filme. Uma pena que a versão da tradução dada para o título em português (Complicações do Amor) tenha perdido completamente essa característica.
Com algumas reviravoltas, uma trama inteligente e intrigante e um final propositalmente aberto, The One I Love o deixará pensando sobre as suas nuances. Este é um filme que provoca a reflexão e que certamente o aguçará o suficiente para voltar na história, seja para contemplá-lo em seus detalhes ou para tentar buscar algumas respostas para as dúvidas que ficaram no ar.
Título em português: Complicações do Amor
Diretor: Charlie McDowell
http://www.imdb.com/title/tt2756032/
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