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Kampen om Tungtvannet (1948) - Review in english


World War II had several important episodes, but over the years many of them were forgotten or not had due recognition. Besides the famous invasion of Normandy by the Allies, operation known as "D-Day", The Battle of the Heavy Water also played a key role in the outcome of that war. Directed by Titus Vibe-Müller and Jean Dréville in a French-Norwegian co-production, Kampen om Tungtvannet (original title) or Operation Swallow: The Battle for Heavy Water (in English) is a docudrama (documentary drama) that dramatically presented the reconstitution of these events that marked the history of the world and Norway.

The film begins by an introduction to the war and the reasons that led France and Germany to become interested in the heavy water produced only in the chemical factory Norsk Hydro, in the Vemork plant on the outskirts of the town of Rjukan in Norway. The first country was seeking it to do research in laboratories on its effectiveness, while the second was aimed at getting it to build a secret weapon. As the heavy water was a byproduct of fertilizer production, its production was limited and on a small scale, which meant that any amount obtained become of paramount importance. While the Norwegians remained neutral in the war, the Allies were able to catch the first batch of the precious liquid. But with the invasion of Norway by the Germans, on the morning of April 9, 1940, the Nazis ordered the Norsk Hydro plant to increase its production. Realizing the threat that the plant had the British Intelligence in London with the Norwegian Resistance came together to take preventive measures and sabotage Nazi Germany's plans involving heavy water.



Shot in black and white and without the aspects of large productions such as extravagant action situations and melodramatic approach, Kampen om Tungtvannet uses archival footage and reconstructs the other scenes with the participation of real life counterparts. This gives the movie plenty of realism and authenticity, as well as historical and educational features. Among the counterparts actors we can quote the scientists Frédéric Joliot-Curie and Lew Kowarski and most of the Norwegian saboteurs. So few characters were played by professional actors and the four native languages ​​of the countries involved in the plot were kept: Norwegian, French, German and English. And it is exactly by the common aspect that this film stands out, especially when we remember what was at stake at that time. These are not synthetic heroes we find in American blockbusters, they are just ordinary men who risked their lives to prevent the victory of the Nazi Germany.

The photography explores the mountainous region and the harsh climate of Norway through open shots. The rigorous living conditions to which the members of the Norwegian resistance underwent equate to the size of the challenge that was ahead: prevent the Germans build their secret weapon. They faced hunger, cold and also the enemy.


This story was also dramatized in a British production called The Heroes of the Telemark (1965)with the participation of Kirk Douglas (citing some of his films: Ace in the Hole - 1951Paths of Glory - 1957The Vikings - 1958 and Spartacus - 1960) and Richard Harris (known for A Man Called Horse - 1970), and two TV mini-series, a Canadian (A Man Called Intrepid - 1979) and a Norwegian (Kampen om Tungtvannet - The Heavy Water War: Stopping Hitler's Atomic Bomb - 2015). The Swedish power metal band, Sabatonalso honored this episode through the music called Saboteurs.

War is not only won in the trenches or in the battle fronts, being fought by artillery fighting, but by the economic, social and mental mobilization in the rearward. It is won by the adopted strategies and resilience, bravery and wit of all its fighters.


Original title: Kampen om Tungtvannet
English title: Operation Swallow: The Battle for Heavy Water
Directors: Titus Vibe-Müller and Jean Dréville
http://www.imdb.com/title/tt0040504


Kampen om Tungtvannet (1948)

A Segunda Guerra Mundial teve vários episódios importantes, mas com o passar dos anos muitos deles ficaram esquecidos ou não tiveram o devido reconhecimento. Além da famosa invasão da Normandia pelos Aliados, operação conhecida por "Dia D", a Batalha da Água Pesada também teve papel fundamental para o desfecho dessa guerra. Dirigido por Titus Vibe-Müller e Jean Dréville, em uma coprodução franco-norueguesa, Kampen om Tungtvannet (no original) ou A Batalha da Água-Pesada (em português) é um docudrama (drama documentário) que apresenta de forma dramática a reconstituição desses fatos que marcaram a história do mundo e da Noruega.

O filme começa fazendo uma introdução à guerra e aos motivos que levaram França e Alemanha a se interessarem pela água pesada, produzida somente na fábrica de produtos químicos Norsk Hydro, na planta de Vemork, nos arredores da cidade de Rjukan, na Noruega. O primeiro país buscava fazer pesquisas em laboratórios sobre sua eficácia, enquanto o segundo objetivava obtê-la para construir uma arma secreta. Como a água pesada era um subproduto da produção de fertilizantes, sua fabricação era limitada e em pequena escala, o que fazia com que qualquer quantidade obtida se tornasse de suma importância. Enquanto os noruegueses se mantiveram neutros na guerra, os Aliados conseguiram pegar o primeiro suprimento do precioso líquido. Mas com a invasão da Noruega pelos alemães, na manhã de 9 de abril de 1940, os nazistas ordenaram que a fábrica de Norsk Hydro aumentasse a sua produção. Percebendo a ameaça que a planta apresentava, a Inteligência Britânica em Londres juntamente com a Resistência Norueguesa se uniram para tomar medidas preventivas e sabotar os planos da Alemanha nazista envolvendo a água pesada.  


Filmado em preto e branco e sem os aspectos das grandes produções, como situações de ação extravagantes e enfoque melodramático, Kampen om Tungtvannet utiliza imagens de arquivo e reconstrói as demais cenas com a participação dos próprios homólogos da vida real. Isso lhe confere bastante realismo e autenticidade, além de um caráter histórico e educativo. Dentre os atores homólogos podemos citar os cientistas Frédéric Joliot-Curie e Lew Kowarski e os sabotadores noruegueses em sua grande maioria. Assim, poucos personagens foram interpretados por atores profissionais e optou-se por manter as quatro línguas nativas dos países envolvidos na trama: norueguês, francês, alemão e inglês. E é exatamente o aspecto comum que faz com que esse filme se destaque, principalmente quando nos lembramos do que estava em jogo naquele momento. Estes não são heróis sintéticos que encontramos em blockbusters americanos, são apenas homens comuns que arriscaram as suas vidas para impedir que a Alemanha nazista vencesse.

A fotografia explora a região montanhosa e o clima severo da Noruega através de tomadas abertas. As duras condições de sobrevivência a que foram submetidos os integrantes da Resistência Norueguesa se equiparam ao tamanho do desafio que estava pela frente: impedir que os alemães construíssem a sua arma secreta. Eles enfrentaram a fome, o frio e também o inimigo.  


Essa história também foi dramatizada em uma produção britânica intitulada The Heroes of the Telemark (Os Heróis de Telemark - 1965), com a participação de Kirk Douglas (citando apenas alguns de seus filmes: Ace in the Hole - A Montanha dos 7 Abutres - 1951, Paths of Glory - Glória Feita de Sangue - 1957, The Vikings - Vikings, Os Consquistadores - 1958 e Spartacus - 1960) e Richard Harris (conhecido por A Man Called Horse - Um Homem Chamado Cavalo - 1970) e em duas minisséries de TV, uma canadense (A Man Called Intrepid - 1979) e uma norueguesa (Kampen om Tungtvannet - 2015). A banda de power metal sueca, Sabaton, também homenageou esse episódio através da música Saboteurs.

A guerra não é ganha só nas trincheiras ou nos frontes de batalha, sendo travada por combates de artilharia, mas pela mobilização econômica, social e mental na retaguarda. Ela é vencida pelas estratégias adotadas e pela resiliência, bravura e sagacidade de todos os seus combatentes.


Título original: Kampen om Tungtvannet
Título em português: A Batalha da Água Pesada
Diretores: Titus Vibe-Müller e Jean Dréville
http://www.imdb.com/title/tt0040504


Málmhaus (2013) - Review in english


Films about family dramas are already common in the movie theater, but the choice of the Icelandic writer-director Ragnar Bragason (known for Bjarnfreðarson - 2009) to put the heavy metal in the foreground was an innovation, so Málmhaus (original title) or Metalhead (english title) stands out compared to other similar narratives. The story shows how the loss of a child in a tragic accident can affect the life of a family and also of a whole small community in rural Iceland. The protagonist of the plot is Hera, played by Þorbjörg Helga Þorgilsdóttir (known for Djúpið - The Deep - 2012), who witnessed the death of her older brother by a tractor when she was only 12 year old, in 1983. Traumatized, disillusioned with life and with her faith completely shaken, she decides to seek comfort in the heavy metal musical style that her brother loved so much.

After this initial introduction, Bragason transports us to the early 90s, addressing the main character already in adulthood. With gloomy and melancholy appearance, always wearing a leather jacket and black clothes, Hera is now quite adept of the black metal way of life. She isolated herself from the outside world and is disconnected from the small community in which she lives. Her only moments of balance seem to be next to her guitar, with which she risks to compose her own musics, or when she listens to her cassette tapes or reads magazines in her room.


The presence of Hera is disruptive to her parents. Unable to break free emotionally and psychologically from the memories of the tragedy, she lives committing petty crimes in self-destructive acts and causing confusion in the neighborhood. Her dressing style and her personality are also a painful form of her parents remember their dead child. This is reflected in the depression of her mother, Droplaug, played by Halldora Geirharðsdóttir (known for Englar alheimsins - Angels of the Universe - 2000 and Hross í oss - Of Horses and Men - 2013), and in the hidden suffering of her father, Karl, interpreted by Ingvar Eggert Sigurðsson (he acted in Englar alheimsins - Angels of the Universe - 2000, Myrin - Jar City - 2006, Hross í oss - Of Horses and Men - 2013 and Everest - 2015). Thus, each one experiences the grief and the pain in their own way, but it is clear that that accident compromised the family's harmony.

With a peculiar intimate view of heavy metal and black metal movements, Bragason does in Metalhead a production with quite personal characteristics, printing throughout the script references carefully cited and associated with the soundtrack. It is through music that the director expresses and exposes the psychological and emotional state of the protagonist, from her feelings to her internal conflicts. Fans of the genre, besides the recognition of the songs, will delight in with Victim of Changes (Judas Priest)Heartless World (Teaze)Run For Your Life (Riot)Strange Wings (Savatage)Me Against the World (Lizzy Borden)Am I Evil? (Diamond Head)Symphony of Destruction (Megadeth)Í Helli Loka (Sólstafir) and Svarthamar (Pétur Ben & Þorbjörg Helga Þorgilsdóttir - Málmhaus).


The symbolism is present throughout the film. The clothes, the music, the melancholy or obscurity, the corpse paint (face paint in black and white), death, religion, in scenarios such as the church or the cemetery, in the bitter cold of winter, and even in Norwegian characters, a reference to Øystein Aarseth (Euronymous) and Per Yngve Ohlin (Dead), founding members of the Norwegian black metal band Mayhem, land that created the subculture of the Norwegian black metalSome documentaries address and depict this time, as Den Svarte Alvor - The Black Seriousness (1994)Satan Rir Media - Satan Rides the Media (1998)Once Upon a Time in Norway (2007) and Until the Light Takes Us (2008).

Clinging to period details is another strong point of the film, giving it a certain nostalgia of the 80s and 90s. We have the record player and vinyl records, cassette tapes and walkman, household appliances, such as microwaves, cathode ray tube TV and VHS video tapes and cars, all faithfully depicting the period in question. The beautiful shots of Iceland and the moments of black humor soften the delicate issue addressed in the narrative, contrasting with the inner desolation of the protagonist. The performance of Þorbjörg Helga Þorgilsdóttir is one of the highlights of the movie, giving veracity to the story of the main character.

Metalhead is a film that is based on a universal theme, music, employing it to show how people deal with pain, loss and suffering. The story shows the search for an identity and for oneself, an attempt to find meaning for life that goes beyond music.



Original title: Málmhaus
English title: Metalhead
Director: Ragnar Bragason
http://www.imdb.com/title/tt2374902/


Málmhaus (2013)


Filmes sobre dramas familiares já são comuns no cinema, mas a escolha do diretor e escritor islandês Ragnar Bragason (conhecido por Bjarnfreðarson - 2009) de colocar o heavy metal no primeiro plano foi uma inovação, fazendo com que Málmhaus (no original) ou Mundando o Destino (em português) se destaque em relação às demais narrativas semelhantes. A história mostra como a perda de um filho em um trágico acidente pode afetar a vida de uma família e também de toda uma pequena comunidade na área rural da Islândia. A protagonista da trama é Hera, interpretada por Þorbjörg Helga Þorgilsdóttir (conhecida por Djúpið - Sobrevivente - 2012), que testemunhou a morte do irmão mais velho por um trator quando tinha apenas 12 anos, em 1983. Traumatizada, descrente da vida e com a sua fé completamente abalada, ela decide buscar conforto no heavy metal, estilo musical que seu irmão tanto adorava.

Após essa introdução inicial, Bragason nos transporta para o início dos anos 90, abordando a personagem principal já em idade adulta. Com aparência soturna e melancólica, sempre usando uma jaqueta de couro e roupas pretas, Hera agora está completamente adepta ao modo de vida do black metal. Ela se isolou do mundo exterior e está desconectada da pequena comunidade em que vive. Seus únicos momentos de equilíbrio parecem ser ao lado de sua guitarra, com a qual se arrisca a compor suas próprias músicas, ou quando escuta suas fitas cassetes ou lê revistas especializadas em seu quarto.


A presença de Hera é perturbadora para os seus pais. Sem conseguir se libertar emocionalmente e psicologicamente das memórias da tragédia, ela vive cometendo pequenos delitos em atos autodestrutivos e causando confusão na vizinhança. Seu modo de vestir e sua personalidade também são uma forma dolorosa de seus pais se lembrarem do filho morto. Isso se reflete na depressão de sua mãe, Droplaug, interpretada por Halldóra Geirharðsdóttir (conhecida por Englar alheimsins - 2000 e  Hross í oss - 2013), e no sofrimento oculto de seu pai, Karl, representado por Ingvar Eggert Sigurðsson (atuou em Englar alheimsins - 2000, Mýrin - 2006, Hross í oss - 2013 e Everest - Evereste - 2015). Assim, cada um vivencia o luto e a dor à sua própria maneira, mas é evidente que aquele acidente comprometeu a harmonia da família.

Com uma peculiar visão intimista dos movimentos heavy metal e black metal, Bragason realiza em Málmhaus uma produção com características bastante pessoais, imprimindo em todo o roteiro referências cuidadosamente citadas e associadas à trilha sonora. É através da música que o diretor expressa e expõe o estado psicológico e emocional da protagonista, desde seus sentimentos até seus conflitos internos. Fãs do gênero, além de reconhecer as canções, poderão se deleitar com Victim of Changes (Judas Priest), Heartless World (Teaze), Run For Your Life (Riot), Strange Wings (Savatage), Me Against the World (Lizzy Borden), Am I Evil? (Diamond Head), Symphony of Destruction (Megadeth), Í Helli Loka (Sólstafir) e Svarthamar (Pétur Ben & Þorbjörg Helga Þorgilsdóttir - Málmhaus).


O simbolismo está presente em todo o longa-metragem. Seja nas roupas, nas músicas, na melancolia ou na obscuridade, no corpse paint (pintura facial em preto e branco), na morte, na religião, nos cenários, como a igreja ou o cemitério, no frio intenso do inverno, e até nos personagens noruegueses, numa referência a Øystein Aarseth (Euronymous) e Per Yngve Ohlin (Dead), membros fundadores da banda norueguesa de black metal Mayhem, terra que criou a subcultura do black metal norueguês. Alguns documentários abordam e retratam essa época, como Den Svarte Alvor - A Seriedade Negra (1994), Satan Rir Media - Satã Monta a Mídia (1998), Once Upon a Time in Norway - Era uma vez na Noruega (2007) Until the Light Takes Us - Até que a Luz nos Leve (2008).

O apego aos detalhes de época é outro ponto forte do filme, conferindo-lhe certa nostalgia dos anos 80 e 90. Temos a vitrola e os discos de vinil, as fitas cassetes e o walkman, os aparelhos eletrodomésticos, como o microondas, a TV de tubo e as fitas de vídeo VHS e os carros, todos retratando fielmente o período em questão. Os belos planos da Islândia e os momentos de humor negro suavizam o delicado tema abordado na narrativa, contrastando com a desolação interior da protagonista. A atuação de Þorbjörg Helga Þorgilsdóttir é um dos grandes destaques da narrativa, conferindo veracidade à história da personagem principal.

Mundando o Destino é um filme que se apoia num tema universal, a música, para mostrar como as pessoas lidam com a dor, a perda e o sofrimento. A história mostra a busca por uma identidade e por si mesmo, numa tentativa de encontrar significado para a vida que vá além da música. 


Título original: Málmhaus
Título em português: Mudando o Destino
Diretor: Ragnar Bragason
http://www.imdb.com/title/tt2374902/


En Man som Heter Ove (2015) - Review in english

Scandinavia always surprises us with different movies and with very peculiar storylines. Based on the bestseller book by Fredrik Backman, En Man som Heter Ove (original title), or A Man Called Ove (in english), tells the story of Ove, an old grumpy widower, 59 year old, who despite having been deposed some years before as president of the residents association continues to watch over his suburban neighborhood with an iron fist. Depressed, lonely and tired of the monotony of everyday life, Ove is a picture of a person who has given up everything, including himself. Stubborn, moody, with firm beliefs and rigid routines, his approach to life and negative view of the world are put to the test when a new family moves into the house across the street.

To talk about old age and its dilemmas has never been an easy task, both in real life and on the big screen. Sometimes it seems that society wants to avoid or forget it, as if it was a distant drama to which we will never live or witness. Thus, it is common that actors with advanced age only interpret supporting characters, with roles that are far from the narrative's focus. However, when they had the opportunity to star in the leading role, they gave birth to great characters and great films. Among them are: Make Way for Tomorrow (1937)Umberto D. (1952)Ikiru - To Live (1952), Smultronstället - Wild Strawberries (1957)Cocoon (1985)Börn Náttúrunnar - Children of Nature (1991)Grumpy Old Men (1993)The Straight Story (1999)Elsa y Fred - Elsa & Fred (2005)Gran Torino (2008), Amour (2012)Nebraska (2013), 45 Years (2015) and the animation Up (2009).

With a sincere, poetic and humorous story, the swedish writer-director Hannes Holm (known for Adam & Eve - 1999, Klassfesten - The Reunion - 2002 and Himlen är Oskyldigt Blå - Behind Blue Skies - 2010) addresses a sensitive issue in a subtle way. Humor is one of the key parts used in the process, being present at various times throughout the film. But we are also exposed to sad and tough situations as the story unfolds.


The action takes place both in the present and in the past. At first we are introduced to the older version of Ove, played by Rolf Lassgård (known for Jägarna - The Hunters - 1996, Under Solen - Under the Sun - 1998 and Efter brylluppet - After the Wedding - 2006). From the first impressions we encounter a guy who is rough, irritating, without kindness and also is the terror of his suburban neighborhood. He daily patrol the streets and sidewalks in search for irregularities and breaches of rules, which must be followed rigorously. Subsequently, through the use of flashbacks, we are introduced to his child version (Viktor Baagøe) and younger version (Filip Berg, known for Ondskan - Evil - 2003 and Odödliga - Eternal Summer - 2015). Thus, gradually, his past is revealed, explaining his current behavior, which makes us reflect and reassess our views on the main character.

The film deals with current concepts and issues such as immigration, globalization and changing values ​​over generations. Parvaneh, played by Bahar Pars (she acted in När Mörkret Faller - When Darkness Falls - 2006), has Persian origin and is the woman of the family who moves into the house in front of the protagonist. Contrasting with Ove's personality, she is passionate and opinionated, being responsible for bringing heat to the protagonist's cold relations. Parvaneh portrays the case of so many other refugees who emigrate to European countries in search of a better life.


The identification of the main character with the cars of Saab and the consequent dispute with the cars of Volvo, originally two Swedish brands, represents the nationalism. Ove was from a time when the products (consumer goods) were made within the country. Today, with global value chains and the internationalization of the economy, the goods have no borders and brands have become global. Half of Saab was bought by General Motors in 1990 and the remainder in 2000. In 2012 the company was purchased by China National Electric Vehicle Sweden AB. As for Volvo, in 1999 it was sold to Ford Motor Company. In 2010, Ford agreed to sell Volvo to the Chinese Zhejiang Geely Holdin Group.

Ove, as a small-town boy, lived in a different type of Sweden and world. Life had a slower pace and independence and manual skills, such as carpentry and mechanics, were more valued. The difficulties of the younger generation are expressed, for example, in the lack of interest and patience to read manuals or in how a simple installation of a washing machine becomes a challenge.


Apart from the excellent performance of Rolf Lassgård in the protagonist's caricatured role, the soundtrack is a treat apart. Engaging, it is captivating in the patrol's moments through the neighborhood and it's sentimental in the drama scenes. All the production work was very well done, from the cameras, photography, to the costume through the ages. Here we have to highlight a weak point in the script and direction. Although the first half of the film is great, as the story develops and its message and meaning are revealed, the director hastens to complete the book's plot and the movie loses some of its strengths in the second half. Some narrative links should have been better developed, as the change experienced by the main character and how the local community see him after that. As a final message Holm points out that life makes more sense when is shared with others. The film had potential to be much more than it was.


Original title: En Man som Heter Ove
English title: A Man Called Ove
Director: Hannes Holm

En Man som Heter Ove (2015)

A Escandinávia sempre nos surpreende com filmes diferentes e com enredos bem peculiares. Baseado no livro best-seller de Fredrik Backman, En Man som Heter Ove (título original) ou Um Homem Chamado Ove (em português) conta a história de Ove, um velho viúvo e rabugento, de 59 anos de idade, que apesar de ter sido deposto há alguns anos do cargo de presidente da associação de moradores continua a zelar pela vizinhança do subúrbio onde mora com punhos de ferro. Deprimido, solitário e cansado da monotonia do cotidiano, Ove é um retrato de uma pessoa que já desistiu de tudo, inclusive de si mesmo. Teimoso, mal-humorado, com crenças firmes e rotinas rígidas, sua abordagem de vida e visão negativa do mundo são colocadas à prova quando uma nova família se muda para a casa em frente.

Falar sobre a velhice e seus dilemas nunca foi um tema fácil, tanto na vida real quanto nas telas de cinema. Algumas vezes parece que a sociedade quer evitá-la ou esquecê-la, como se fosse um drama distante à qual nunca chegaremos ou passaremos. Assim, é comum que atores com idade avançada ocupem personagens coadjuvantes, com papéis que passam longe do foco da narrativa apresentada. Contudo, quando tiveram a oportunidade de estrelar no papel principal deram luz a grandes personagens e a ótimos filmes. Dentre eles temos: Make Way for Tomorrow - A Cruz dos Anos (1937)Umberto D. - Humberto D. (1952), Ikiru - Viver (1952), Smultronstället - Morangos Silvestres (1957)Cocoon (1985), Börn Náttúrunnar - Filhos da Natureza (1991)Grumpy Old Men - Dois Velhos Rabugentos (1993), The Straight Story - Uma História Real (1999)Elsa y Fred - Elsa & Fred (2005)Gran Torino (2008), Amour - Amor (2012)Nebraska (2013), 45 Years - 45 Anos (2015) e a animação Up - Up: Altas Aventuras (2009).

Com uma história sincera, poética e bem-humorada, o diretor e também escritor sueco Hannes Holm (conhecido por Adam & Eva - 1999, Klassfesten - O Reencontro - 2002 e Himlen är Oskyldigt Blå - 2010) consegue abordar um tema sensível de uma maneira sutil. O humor é uma das peças chave utilizadas nesse processo, estando presente em vários momentos ao longo do filme. Mas também somos expostos à situações tristes e duras conforme a história se revela.


A ação se desenrola tanto no presente quanto no passado. De início somos apresentados à versão mais velha de Ove, interpretada por Rolf Lassgård (conhecido por Jägarna - 1996, Under Solen - 1998 e Efter Brylluppet - Depois do Casamento - 2006). Já nas primeiras impressões nos deparamos com um sujeito áspero, irritante, sem bondade e que é o terror de sua vizinhança suburbana. Ele patrulha diariamente as ruas e calçadas em busca de irregularidades e descumprimentos de regras, que devem ser seguidas com rigor. Posteriormente, através do uso de flashbacks, somos introduzidos à sua versão criança (Viktor Baagøe) e jovem (Filip Berg, conhecido por Ondskan - Evil - Raízes do Mal - 2003 e Odödliga - 2015). Assim, paulatinamente, o seu passado é revelado, explicando o seu comportamento atual, o que nos faz refletir e reavaliar as nossas opiniões sobre o personagem principal.

O filme aborda conceitos e questões atuais, como imigração, globalização e mudança de valores ao longo das gerações. Parvaneh, interpretada por Bahar Pars (atuou em När Mörkret Faller - 2006), tem origem persa e é a mulher da família que se muda para a casa em frente a do protagonista. Contrastando com a personalidade de Ove, ela é passional e opinativa, sendo responsável por trazer calor às relações frias do protagonista. Parvaneh retrata o caso de tantos outros refugiados que emigram para países europeus em busca de uma vida melhor.


A identificação do personagem principal com os carros da Saab e a consequente disputa com os automóveis da Volvo, duas marcas originalmente suecas, representa o nacionalismo. Ove era de uma época em que os produtos (bens de consumo) eram feitos dentro do próprio país. Hoje, com as cadeias globais de valor e com a internacionalização da economia, as mercadorias não têm mais fronteiras e as marcas se tornaram globais. Metade da Saab foi comprada pela General Motors em 1990 e o restante em 2000. Em 2012, a empresa foi comprada pela chinesa National Electric Vehicle Sweden AB. Quanto à Volvo, em 1999 foi vendida à Ford Motor Company. No ano de 2010, a Ford acertou a venda da Volvo para a chinesa Zhejiang Geely Holdin Group.

Ove, como um menino de cidade pequena, viveu em um tipo diferente de Suécia e de mundo. Além da vida ter ritmo mais lento, valorizava-se mais a independência e as habilidades manuais, como carpintaria e mecânica. As dificuldades das gerações mais novas são expressas, por exemplo, na falta de interesse e paciência para a leitura de manuais ou no desafio que se torna instalar uma simples máquina de lavar.


Além da ótima atuação de Rolf Lassgård no papel caricatural do protagonista, a trilha sonora é um deleite a parte. Envolvente, ela é cativante nos momentos da ronda pela vizinhança e sentimental nas cenas de drama. Todo o trabalho de produção foi muito bem feito, desde as câmeras, fotografia, até o figurino ao longo das eras. Aqui temos que ressaltar um ponto fraco no roteiro e na direção. Apesar da primeira metade do filme ser ótima, conforme a história se desenvolve e sua mensagem e significado são explicitados, o diretor se apressa para concluir a trama do livro e o longa-metragem acaba perdendo alguns de seus pontos fortes na segunda metade. Alguns elos narrativos deveriam ter sido melhor trabalhados, como a mudança por que passa o personagem principal e como a comunidade local passa a enxergá-lo depois disso. Como mensagem final Holm ainda nos passa que a vida faz mais sentido quando é compartilhada com outras pessoas. O filme tinha potencial para ser muito mais do que foi.


Título original: En Man som Heter Ove
Título em português: Um Homem Chamado Ove
Diretor: Hannes Holm


Kill the Messenger (2014) - Review in english


Following the same investigative journalism line as All the President's Men - 1976, but for some reason without the appropriate recognition and impact, Kill the Messenger tells the true story of an American reporter, Gary Webb (played by Jeremy Renner, known for The Hurt Locker - 2008), who works in a small newspaper, San Jose Mercury News, and accidentally discovers secret documents about the US government and the war on drugs. In the face of this information, which reveal an alleged cocaine trafficking scheme into the United States, he must decide whether to protect his career, family and life or to risk unmask the case and publish the article.

Right away we are presented, in a format that resembles a documentary, to a series of newspaper reports and presidential speeches from Richard Nixon (1969-1974), Gerald Ford (1974-1977), Jimmy Carter (1977-1981) to Ronald Reagan (1981-1989). They all speech against trafficking and consumption of drugs. This exposure facilitates the viewer's immersion in the story and gives greater veracity to the facts. Later, we are transported to 1996 and we follow the research promoted by the protagonist, from one suspect to another, from traffickers to politicians, and in every new revelation we can contrast the government's initial speech with the unvarnished reality of facts.


We follow, step by step, everything that Gary Webb needs to do to ensure that the public will gain knowledge of something that was kept secret: observation, interviews and documentary survey. A journalist can not simply report a corrupt situation just because someone suggested it to him or because he thinks that it is incorrect. Until the article become concrete and be published there is a process to be followed in which the reporter review all the investigative material, evaluating whether there is a need to interview new sources or making new inquiries until all conflicting information is resolved. Especially if there are references to public figures, major corporations, politicians and governments, the journalist also should make sure, in the cases of legal proceedings, that he will receive legal and editorial support for article's publication. At this point we have to highlight the direction of Michael Cuesta (known for the TV series Homeland - 2011-2012), which left some open spots for the viewer to take away their own conclusions about Webb's research. Was he naive or sloppy?

The script was based on the books Dark Alliance: The CIA, The Contras, and the Crack Cocaine Explosion, written by Webb himself, and Kill the Messenger, a biography made ​​by Nick Schou. The cast, apart from the excellent performance of Jeremy Renner in the leading role, has big names as Mary Elizabeth Winstead (10 Cloverfield Lane - 2016), Michael Sheen (Midnight in Paris - 2011), Ray Liotta (Goodfellas - 1990) and Andy Garcia (The Godfather: Part III - 1990).

The movie still stands out by reporting the pressures, blackmails, physical and psychological violence which investigative journalists suffer to carry out their work. Not only the man's integrity is hit, but also of his family. The manipulation of information is evident. Artifices as to attack the credibility of these professionals are used shamelessly to stifle the truth, since the gossip often becomes more important (it gains more prominence) than the denounce itself.

Does freedom of the press really exist? Is the media free or does it suffer political, economic and social influence? What is the real role of the journalist? Are some stories too true to be told? The non-reliability of some sources completely invalidates a newspaper article to the point of turning it into a lie? Is the US government boycotting the disclosure of this story (film)? These are some of the questions that Kill the Messenger leaves up in the air.

In the face of recent situations, such as the Panama Papers and the revelations of Edward Snowden and WikiLeaks, all the reflection and the unrolling brought by the plot in Kill the Messenger gain other layers of significance and meaning.


Original title: Kill the Messenger
Director: Michael Cuesta
http://www.imdb.com/title/tt1216491/




Kill the Messenger (2014)


Seguindo a mesma linha de jornalismo investigativo de All the President's Men - Todos os Homens do Presidente - 1976, mas por algum motivo sem o devido reconhecimento e repercussão, Kill the Messenger (no original) ou O Mensageiro (em português) conta a história real do repórter americano Gary Webb (interpretado por Jeremy Renner, conhecido por The Hurt Locker - Guerra ao Terror - 2008), que trabalha em um pequeno jornal, San José Mercury News, e acidentalmente descobre documentos sigilosos sobre o governo americano e a guerra às drogas. Diante dessas informações, que revelam um suposto esquema de tráfico de cocaína para dentro dos Estados Unidos, ele precisa decidir entre proteger sua carreia, família e própria vida ou se arriscar a desmascarar o caso e publicar a matéria.

Logo de cara somos apresentados, em um formato que se assemelha ao de um documentário, a uma série de reportagens de jornais e discursos presidenciais, desde Richard Nixon (1969-1974), passando por Gerald Ford (1974-1977), Jimmy Carter (1977-1981) até chegarmos a Ronald Reagan (1981-1989). Todos eles discursam contra o tráfico e o consumo de drogas. Essa exposição facilita a imersão do espectador na história e confere maior veracidade aos fatos. Posteriormente, somos transportados para o ano de 1996 e acompanhamos a investigação promovida pelo protagonista, passando de um suspeito a outro, de traficantes a até mesmo políticos, e a cada nova revelação podemos contrastar o discurso inicial do governo com a realidade nua e crua dos fatos.

   
Seguimos, passo a passo, tudo o que Gary Webb precisa fazer para garantir que o público tenha conhecimento sobre algo que era mantido sigiloso: observação, entrevistas e levantamento documental. Um jornalista não pode simplesmente denunciar uma situação corrupta só porque alguém lhe sugeriu ou porque lhe parece que é incorreta. Até a matéria se tornar concreta e ser publicada existe um processo a ser seguido, no qual o repórter revisa todo o material investigativo, avaliando se há necessidade de entrevistar novas fontes ou fazer novas consultas, até que todas as informações conflitantes estejam resolvidas. Sobretudo se houver menções a figuras públicas, grandes corporações, políticos e governos, o jornalista também deverá se certificar, em casos de processos, que receberá o apoio jurídico e suporte editorial para publicação da matéria. Nesse ponto temos que destacar a direção de Michael Cuesta (conhecido pela série de TV Homeland - 2011-2012), que deixou alguns pontos em aberto para que o espectador tirasse as suas próprias conclusões acerca da investigação de Webb. Teria sido ele ingênuo ou desleixado?

O roteiro foi baseado no livro Dark Alliance: The CIA, The Contras, and the Crack Cocaine Explosion, escrito pelo próprio Webb, e no livro Kill the Messenger, uma biografia feita por Nick Schou. O elenco, além de contar com a ótima atuação de Jeremy Renner no papel principal, possui nomes de peso como Mary Elizabeth Winstead (10 Cloverfield Lane - Rua Cloverfield, 10 - 2016), Michael Sheen (Midnight in Paris - Meia-Noite em Paris - 2011), Ray Liotta (Goodfellas - Os Bons Companheiros - 1990) e Andy Garcia (The Godfather: Part III - O Poderoso Chefão III - 1990). 

Kill the Messenger ainda se destaca ao denunciar as pressões, chantagens, violências física e psicológica que os jornalistas investigativos sofrem ao realizar o seu trabalho. Não apenas a integridade do homem é atingida, como também a de sua família. A manipulação da informação é evidente. Artifícios como atacar a credibilidade desses profissionais são utilizados sem o menor pudor para abafar a verdade, visto que a fofoca muitas vezes passa a ser mais importante (ganha mais destaque) do que a denúncia em si.

Existe liberdade de impressa? A mídia é livre ou sofre influência política, econômica e social? Qual é o verdadeiro papel do jornalista? Algumas histórias são verdadeiras demais para serem contadas? A inidoneidade de algumas fontes invalida completamente uma matéria a ponto de torná-la uma mentira? Estaria o governo americano boicotando a divulgação dessa história (filme)? Esses são alguns dos questionamentos que O Mensageiro deixa no ar.

Diante de situações recentes, como os Panama Papers e das revelações de Edward Snowden e do Wikileaks, toda a reflexão e o desdobramento trazidos pela trama contada em Kill the Messenger ganham outras camadas de importância e significado.




Título original: Kill the Messenger
Título em português: O Mensageiro
Diretor: Michael Cuesta
http://www.imdb.com/title/tt1216491/



 
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